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PER - Habitação Social
Vila Nova da Telha, Maia
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O terreno a ocupar pelo conjunto habitacional localiza-se num território cuja morfologia resulta do somatório desenfreado de sucessivos loteamentos e que, para além do seu fundamento puramente especulativo, se pode caracterizar pela ausência de qualquer esforço de ordem que permita a definição de uma hierarquia do espaço público.
O constrangimento físico do terreno, porque encravado entre um arruamento público e a linha de caminho de ferro, bem como a sua localização frontal em relação a um pseudo “centro cívico” dotado de alguma centralidade, são condições que a matriz conceptual do projecto não pode naturalmente ignorar.
Apesar da forma de habitar que o programa impõe ser distinta daquela que ocupa predominantemente esta parcela de território (habitação unifamiliar), o projecto procura não só iludir a reduzida dimensão do terreno disponível como também contrariar a “centralidade” que a sua localização de certo modo obriga.
A abordagem que o projecto propõe recusa a afirmação, preferindo sempre o anonimato em oposição a qualquer espécie de protagonismo.
A regularidade com que se dispõem os edifícios ao longo do arruamento público, a forma como são agrupados de modo a configurarem o seu próprio espaço exterior (pátios), não significa mais do que um esforço de articulação entre a escala do conjunto e a escala da envolvente próxima.
A compacidade e a permeabilidade que simultaneamente caracterizam o conjunto traduzem-se num compromisso em que a essencialidade e o rigor não são mais do que a expressão da simplicidade que se persegue.
Isto porque a simplicidade é sempre e só aparente, encobrindo quase sempre a complexidade de que é feita, sendo que o verdadeiramente simples se obtém exclusivamente através da concentração dessa mesma complexidade. |
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