[en] [es] [pt]

lista projectos

<< >>

 

 

 

lista projectos

<< >>

 
 

Nortegolfe
Golfe Quinta do Pisão

Santo Tirso
2003-06

Apesar da construção existente (casa do caseiro) não possuir condições que justifiquem a sua recuperação, optou-se pela sua reutilização, como forma de perpetuar uma memória de outro tempo e de outros usos.
O esforço de “adaptação” daquela construção a uma nova finalidade condicionou a organização funcional do programa no sentido em que este se poderia traduzir numa sequência articulada de espaços, cuja génese fosse consequência da exploração de opostos como cheio/vazio, aberto/fechado, novo/velho e leveza/gravidade.
É por isso que o projecto se estabelece a partir das tensões que resultam do “esvaziamento” do edifício primitivo de tudo aquilo que o “habita” e não lhe é essencial e do seu preenchimento posterior com novos conteúdos, de tal modo que a conjugação do presente com o passado dê origem a uma outra entidade.
É por isso que a construção pré-existente deixa de ter leitura por si só e , conjuntamente com os corpos a construir, constitui um edifício totalmente novo – as paredes que resultam do esvaziamento dos conteúdos ligados ao uso anterior enquanto assento agrícola delimitam agora espaços que, já não sendo os iniciais, se tornam, por isso mesmo, propícios à recepção de outros usos e de outras formas.
O programa distribui-se em “caixas” de tamanho e escala variáveis que preenchem as células espaciais que resultam dessa operação de esvaziamento, articulando-se com os velhos paramentos, quando lhes tocam ou quando deles se afastam, gerando uma tensão que acaba por dar um novo sentido ao espaço.
O que importa agora é o espaço que permanece entre uns e outros, enquanto modo de ampliar a percepção dos limites do edifício inicial, alterando a sua dimensão física através da abertura de novas perspectivas e enfiamentos com exterior, numa relação com a paisagem que se quer mais intensa e directa.
A localização das “caixas” que dão corpo à nova ocupação do edifício constitui-se afinal como uma espécie de grande “puzzle” tridimensional, cuja variedade volumétrica traduz as diferenças programáticas.
Afinal trata-se de um novo edifício que não só se constrói a partir da pré-existência como também a incorpora.